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Neste mundo, onde 40% dos países proíbem as mulheres de possuir, alugar, administrar ou herdar uma propriedade sem a autorização de um homem, ser uma mulher lésbica, bissexual, queer ou simplesmente uma pessoa não binária pode significar não ter onde ou como morar. Essa dimensão palpável da discriminação é captada em um estudo inovador, de 218 páginas, da Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos), sobre a situação dessa população hoje no mundo, intitulado É por isso que nos tornamos ativistas: violência contra mulheres lésbicas, bissexuais e queer e pessoas não binárias, tradução livre de This Is Why We Became Activists: Violence Against Lesbian, Bisexual, and Queer Women and Non-binary People (2023).
Ainda na tosca polêmica, sim, foi terrorismo. A própria legislação antiterrorismo dá margem para isso. Mas há inúmeras formas de conceituar terrorismo que se encaixam bastante bem aos episódios de Brasília no dia 08/01 e também à tentativa de fechamento de refinarias no mesmo dia e a derrubada de torres de energia.
Apesar disso, ontem tive que ouvir Gabeira na Globonews chamando os golpistas de “amadores”! Mas amadores não tem coordenação nacional para implementar em curto espaço de tempo mobilização de milhares de pessoas (Brasília) e ações quase simultâneas em área tão grande. Há quem diga 10 refinarias. As torres de energia estavam no Paraná e em Rondônia. Amadores, Gabeira…?
A novidade é que a imprensa parece que descobriu o termo Guerra Híbrida.
BBC Brasil: Guerra híbrida: a derrubada de torres de energia no Brasil seria parte de nova tática de confronto?
Popularizado por Andrew (Andrey) Korybko, o termo descreve uma forma mais complexa de guerra sistematizada e implementada no século XXI. Há algumas apresentações neste Geovest sobre o assunto. Em uma delas, produzi um esquema explicativo:
Será que começou em 2023?
Como um potência pode derrubar um governo de baixa confiabilidade em outro país, mesmo sendo uma potência média? A tentativa de derrubada do governo comunista no Vietnã nos anos 1960/70 custou muito caro para os EUA, mas pode haver um formato mais barato: a Guerra Híbrida.
Ela já foi implementada em vários países com variados graus de sucesso: Venezuela; Síria e Líbia da “primavera árabe”; Ucrânia (2014); e Brasil, entre outros. Sim, Brasil, mas não de agora, da presidenta Dilma.
Após 2013, foi colocado um aparato de oposição mais intenso e agressivo contra o governo federal. O PSDB já tinha recursos de propaganda em meios digitais desde a campanha fracassada de Serra à presidência em 2010, mas isso foi ampliado pelo partido nas mãos de Aécio (“uso de lideranças locais”; “uso de redes sociais”).
Para dar musculatura, os eventos com os patéticos palhaços com camisas da CBF tinham o recheio de nomes do esporte e das novelas da Globo como Ronaldinho, Susana Viera e Luana Piovani (“uso de personalidades”). As mobilizações eram feitas através da massificação pela imprensa tradicional, a que mais alcançava as pessoas nos anos 2010. A imprensa usava as denúncias da corrupção da, hoje sabemos corrupta, operação lava-jato (“uso de aparato judicial”). Estranhamente, as denúncias nunca chegaram a Dilma em quem nunca aderiu a ideia de corrupção (“uso de valores universalizáveis como democracia e corrupção”).
Dilma, diante dos protestos de rua, com sua ação política sabotada pela Câmara dos Deputados de Eduardo Cunha e com baixo desempenho econômico teve que enfrentar um fajuto processo de impeachment do qual saiu derrotada. A Guerra Híbrida tinha atingido seu objetivo de derrubada do governo por meios institucionais. Para quem duvida do interesse externo ligado ao processo, “dá um google” sobre o que o senador Serra fez com o petróleo do Brasil ainda no ano do golpe, 2016. E não parou por aí.
O Brasil virou a Meca do neoliberalismo mundial para o deleite dos especuladores e rentistas domésticas e globais. Mudança na legislação trabalhista com uberização do trabalho; doação de patrimônio estatal sob o nome de “privatização”; abertura sem freios do uso de agrotóxicos no agronegócio que avançou sobre terras indígenas e áreas de conservação. Se tudo isso começou com o governo fraco de Temer, ganhou força na presidência fascista de bolsonaro. A Guerra Híbrida estava ganhando os louros da vitória, mas veio 2022, a eleição de Lula.
Nova etapa de Guerra Híbrida: 2023
Voltando ao esquema de Guerra Híbrida, o que fazer se o governo “não cai” ou “volta”? Últimas etapas do processo: intervenção externa (como houve na Líbia), guerra de guerrilha (Síria) ou sabotagem (Venezuela, Brasil).
Nos momentos de maior agudização das tensões na Venezuela aconteceram atentados terroristas contra infraestrutura crítica: energia, comunicações e abastecimentos de água.
Não podemos deixar de mencionar que o ataque terrorista e criminoso ao sistema nacional de eletricidade perpetrado no dia 7 de março, que resultou em um apagão e deixou sem eletricidade, água e comunicação toda a população venezuelana por um período de quase três dias, colocando em risco a vida dos venezuelanos e violando seus direitos humanos, faz parte desses planos para gerar caos e desestabilização. (Opera Mundi)
Os terroristas tropicais no Brasil tentaram, ainda sem sucesso, derrubar linhas de transmissão de energia e fechar o acesso a refinarias. Mais, a explosão do CAC de Manaus e o incêndio no aeroporto do Galeão ainda estão sem maiores explicações.
A extrema-direita está articulada nacional e internacionalmente. Difícil esperar um evento da magnitude de milhares de pessoas nas próximas semanas em atos terroristas como o episódio de Brasília. Mas com coordenação e financiamento robustos, é possível esperar mais episódios de Guerras Híbridas no horizonte do Brasil.
Em tempo: Parece que parte da imprensa se deu conta da gravidade e continuidade do problema. Os jornalistas da Globonews hoje, manhã de 19/01, citam a preocupação da PF no monitoramento de novos atos que eles esperam ainda podem ser deflagrados.
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