Proposta Pedagógica para o Ensino Médio Politécnico e Educação Profissional Integrada ao Ensino Médio 2011-2014
O texto base de nossa reflexão, já na sua introdução, traz dados importantes para pensarmos acerca de uma nova proposta político-pedagógica para o Ensino Médio. Os índices de escolaridade líquida, de defasagem idade-série, de abandono e reprovação escolares, justificam a necessidade de repensar o processo educacional deste nível de ensino, seja ele em termos de equipamentos estruturais, seja no que tange ao pedagógico.
O grande desafio interposto para dar conta de um ensino com um currículo fragmentado, dissociado da realidade sócio-histórica do aluno, é o desenvolvimento de uma nova proposta político-pedagógica em que o conteúdo ministrado esteja relacionado com o mundo do trabalho, que faça uso das novas tecnologias, que promova a interdisciplinaridade curricular, superando a seletividade, a exclusão e que, priorizando o protagonismo juvenil, construa uma identidade para o Ensino Médio.
A questão da formação técnica ainda estar separada dos rumos do desenvolvimento do Estado, é outro ponto de destaque que justifica a mudança da proposta político-pedagógica visando preparar o estudante para novos desafios.
O texto aborda também as diferentes formas de organizações curriculares e das modalidades de ensino pertencentes ao Ensino Médio, a fim de justificar a necessidade de construir um currículo que contemple, ao mesmo tempo, as dimensões relativas à formação humana e científico-tecnológica, de modo a romper com a histórica dualidade que separa a formação geral da preparação para o trabalho. Para tanto, é importante que os docentes conheçam os processos produtivos que são abordados nas propostas de formação, de modo a assegurar a relação entre teoria e prática. Tais processos compreendem: a organização e gestão do trabalho mediados pela microeletrônica e o desenvolvimento de competências cognitivas complexas para poder acompanhar a dinamicidade da produção em ciência e tecnologia. Neste ponto, reside a necessidade de mudança de paradigma, pois é preciso compreender que não há mais como separar o trabalho manual do intelectual. Na contemporaneidade não há como ser diferente, há que se pensar de forma complexa, exigindo, assim, práticas docentes que interligam o cotidiano com as bases técnico-teóricas do exercício laboral.
"Com o advento da microeletrônica, tanto o trabalho quanto a vida social se modificam, passando a ser regidos pela dinamicidade e pela instabilidade a partir da produção em ciência e tecnologia. A capacidade de fazer passa a ser substituída pela intelectualização das competências, que demanda raciocínio lógico formal, domínio das formas de comunicação, flexibilidade para mudar, capacidade de aprender permanentemente e resistência ao estresse". (p. 13).
No que se refere aos princípios norteadores, me parecem basilares: relação parte-totalidade, na qual a somente uma parte não diz do todo, tal qual que o saber popular, o senso comum precisa estabelecer diálogo com o conhecimento científico, sendo o educador um mediador entre tais saberes; a relação entre a teoria e a prática, a fim de que o conhecimento tenha um sentido; a interdisciplinaridade, como prática metodológica inclusive para o estudo dos temas transversais; a avaliação emancipatória e a pesquisa.
Avaliação
A avaliação atualmente deve ser questionada nas escolas. A avaliação deve ser um “monstro” um instrumento punitivo se os alunos não ficarem quietinhos para aprender o conteúdo por conta do mau comportamento. Isso é cabível hoje?
Na verdade, a avaliação é contínua e cumulativa do desempenho do aluno com prevalência dos aspectos qualitativos sobre quantitativas ao longo de um período, ao longo de um ano, sobre as eventuais provas. Ou seja não usar 1,0 para aprovar e ou reprovar. Também devemos levar em conta o contexto social e conhecer os alunos não cada um mais se aproximar deles.
Currículo
Muitas pessoas limitam sua interpretação de currículo apenas da descrição do conteúdo programático que há de ser ministrado em um determinado segmento do ensino.
Na verdade, o currículo é muito mais que isso. Temos dentro do currículo a descrição programática que irá, obviamente, variar conforme o momento histórico que estamos vivendo, conforme a situação política do país, conforme o tipo de ser humano que queremos formar. É óbvio que a descrição dos conteúdos programáticos irá ser alterada. Mas o currículo é muito mais que isso. O currículo visa desenvolver no aluno, em geral, uma série de competências, o que tem a ver com o saber fazer. Os conteúdos curriculares visam proporcionar ao aluno a capacidade de trabalhar, a capacidade de desenvolver. São as competências que determinam que ele será incluído no mercado de trabalho. Não adianta o aluno ir para a escola, se ele ao sair da escola ele não desenvolver as competências necessárias, apesar da excelente desempenho curricular.
Didática
Cabe aos docentes criar as condições e meios necessários para que os alunos assimilem ativamente os conhecimentos, habilidades e desenvolvam as suas capacidades cognitivas. Nesta perspectiva devemos estabelecer uma ponte de ligação entre as tarefas cognitivas e as capacidades dos alunos para enfrentá-las.
Em suma, enquanto proposta, nos parece trazer dados numéricos e outros apontamentos que justificam a necessidade de mudar a proposta político-pedagógica para o Ensino Médio no Estado do Rio Grande do Sul. Porém, a execução de tal proposta passa pela atitude dos docentes diante dos desafios para este nível de ensino, pois é necessário que os professores estejam aptos a trabalhar com novas tecnologias, almejem realizar um trabalho interdisciplinar, desejem conhecer a economia do Estado e se envolvam na formação dos estudantes de maneira que sua aula faça sentido na vida desses jovens e adultos.
Texto coletivo: Tyrone, Letícia, Geisa e Luiz Fernando
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É necessário reformular os currículos e desenvolver um novo método de avaliar o aluno. Esse jeito primitivo de focar somente em provas escritas já está ultrapassado. É preciso motivar os alunos a descobrirem os seus talentos, acrescentar assuntos modernos na carga horária escolar e disciplinas que incentivem o jovem a pensar. O bom professor é o que faz as ideias nascerem e não aquele que apenas o que fala sobre algo que nem ele mesmo refletiu e concorda.
ResponderExcluircolega, nem precisa necessariamente reformular os currículos mas a aplicar o que diz a legislação educacional sobre o assunto.
ExcluirTyrone, observei que registraste mais do que a síntese do grupo. Com certeza, há inúmeros elementos na proposta e todos são muito importantes e todos referem nos seus pressupostos e práticas um e outro - estão interligados. Podes conferir o comentário que deixei no trabalho da Geisa http://apreender-se.blogspot.com.br/search?updated-min=2013-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2014-01-01T00:00:00-08:00&max-results=3
ResponderExcluirTyrone, fiz o coemntário geral no Blog da Geisa. Ver em http://apreender-se.blogspot.com.br/2013/04/proposta-pedagogica-para-o-ensino-medio.html#comment-form
ResponderExcluirConsidero deveras oportuna tua interpretação sobre o currículo como algo que vai muito além dos conteúdos programáticos. Acrescento que o currículo envolve habilidades e competências e, ao mesmo, tempo engloba tudo aquilo que os alunos vivem entre si e com os agentes educacionais que estão na escola. O ambiente escolar é positivo e nefasto ao mesmo tempo. nem todas as relações que ali ganham vida são realmente boas. Há experiências que podem causar dano aos alunos, individual ou coletivamente. Já pensaste sobre isso ou o currículo que engendra diferentes experiências?
Professora, não inventei e apenas fiz uma reflexão sobre o currículo em cima da legislação educacional. Sem sombra de dúvida o currículo envolve habilidade e competências. Como escrevi "o currículo visa desenvolver no aluno, em geral, uma série de competências, o que tem a ver com o saber fazer." Não só conhecer o educando mas também estabelecer diálogo com a comunidade.
ResponderExcluirPS estou indo para o PBworks para ver o comentário que deixou no blogue da minha colega.