É difícil pensar na geografia brasileira sem associá-la à
pesquisadora Bertha Becker. Geografia em seu sentido mais amplo, como
disciplina do conhecimento, mas principalmente em seus aspectos
político, social, econômico e de aproveitamento dos recursos naturais,
em especial, na região amazônica.
A geógrafa, falecida em 13 de julho último, aos 83 anos, foi
homenageada nesta quinta-feira (25), em sessão especial da 65ª Reunião
Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na
qual foi lançada uma coletânea com as contribuições da pesquisadora aos
estudos realizados pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).
“Além de compartilhar com a comunidade científica a riqueza desse
trabalho, queremos ampliar o acesso à obra dessa pesquisadora que tanto
contribuiu para o desenvolvimento do país”, comentou Mariano Laplane,
presidente do CGEE – organização social supervisionada pelo Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O material contém textos inéditos e já publicados, elaborados pela
pesquisadora entre 2006 e 2012, a exemplo das publicações Um Projeto
para a Amazônia no Século 21: Desafios e Contribuições, de 2009, e
Economia Verde para o Desenvolvimento Sustentável, de 2012.
Considerada uma das maiores estudiosas da Amazônia, Bertha defendia a
riqueza milenar dos povos da região ao mesmo tempo em que propunha
novos modelos de produção, baseados em ações que uniam ciência e
tecnologia, de maneira a preservar o conhecimento tradicional, aliando-o
ao desenvolvimento econômico e ao uso sustentado de recursos.
“Ela foi pioneira nos estudos sobre as cidades e fronteiras
amazônicas. Produziu inúmeros avanços conceituais e metodológicos, como a
constituição de políticas de zoneamento para a região”, lembrou Adma de
Figueiredo, da coordenação de geografia do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). “Foi Bertha quem cunhou o conceito de
que o zoneamento não deve ser um fim em si mesmo e nem um mecanismo de
divisão ou isolamento territorial, mas uma pactuação entre interesses e
atores diversos”.
Dentre os inúmeros projetos dos quais participou, é possível destacar
a criação de uma rede de cidades amazônicas que, a partir de
iniciativas inovadoras, conseguissem superar o uso predatório dos
recursos naturais.
“Governos sucessivos contaram com a participação estratégica de
Bertha na formulação de políticas públicas para o Brasil”, ressaltou a
pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Tatiana Sá. “Ela tinha uma
capacidade ímpar de dialogar e conciliar posições, buscando soluções
para a convivência harmoniosa entre os seres humanos e os recursos
naturais”, acrescentou o antropólogo da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), Otávio Oderio.
“Manter a floresta em pé” e “Produzir para preservar” foram algumas
das bandeiras criadas e defendidas por ela, que entendia a Amazônia não
apenas como um componente de poder do Estado brasileiro, derivado de sua
riqueza natural e humana, de sua localização estratégica, mas também
como um instrumento importante para a integração sul-americana, uma vez
que o bioma está presente em 9 países do continente.
Fonte: MCTI
Disponível em: http://www.geodireito.com/?p=6902# acesso em: 30/07/2013.
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