Estou cursando a disciplina de Geografia Urbana, uma das minhas favoritas, e tive a oportunidade de ler uma matéria de uma revista semanal sobre a construção da eclusa da Penha, no Rio Tietê.
Será um ambicioso e caro projeto urbanístico para cidade de São Paulo. Tenho um irmão e uma prima morando lá. A cidade de São Paulo já teve 4 mil quilômetros de rios e córregos. Hoje, menos de 400 quilômetros permaneceram a céu aberto. Há menos de cem anos, riachos e corredeiras existiam no lugar de algumas das principais vias da capital. A avenida 9 de julho, por exemplo, era o Córrego do Saracura. Boa parte dos rios paulistanos era navegável até a década de 1920, quando a prefeitura fazia o licenciamento de mais de 2 mil embarcações por ano. À época, o engenheiro Saturnino de Brito projetou a retificação do Tietê sem a construção das ruas marginais. Os planos incluíam um parque com 25 quilômetros de extensão por 1 quilômetro de largura ao longo do rio.
A construção da inclusa da Penha, no Rio Tietê tornará navegável um trecho de 14 quilômetros do rio até São Miguel Paulista, na zona leste da capital. Atualmente tem 41 quilômetros navegáveis, entre a Penha e o Município de Santana de Parnaíba.
A eclusa é uma obra de engenharia hidráulica que possibilita navegar em locais onde há desnível no leito do rio. Funciona como um "elevador aquático": faz o barco subir e descer, conforme o caso.
Para garantir a navegação no circuito entre os rios Tietê e Pinheiros e as represas Billings (zona sul e ABC ) e Taiaçupeba (Suzano) serão necessárias 20 eclusas. Um canal artificial de 16 quilômetros precisará ser feito para ligar as duas represas, ideia inspirada na solução do canal do Panamá entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Um complexo desafio com custo total estimado em mais de 4 bilhões de reais, e que só deverá ser concluído por volta de 2040.
O Brasil não tem uma cultura de hidrovias urbanas. O Rio Amazonas é naturalmente navegável de quito, no Equador, a Belém do pará. Em São Paulo, o cenário é outro. Os leitos maiores dos rios Tietê e Pinheiros foram aterrados, loteados e vendidos. Sobraram dois canais de esgoto a céu aberto, confinados por rodovias urbanas.
Este estudo de viabilidade do hidroanel foi publicado em 2011 pelo Grupo Metrópole Fluvial da Faculdade de Arquitetura e urbanismo da USP. O professor e coordenador Alexandre Delijaicov, defende a volta do projeto de Saturnino e acredita na consolidação de um território com qualidade ambiental urbana nas orlas fluviais, que comporta infraestrutura, equipamentos públicos e habitação social. Por isso a ideia de estimular também o transporte de passageiros, criando um circuito turístico entre vários ecoportos, destinados à coleta de material reciclável, mas que também possam abrigar em seu caís feiras de trocas, bares e restaurantes.
Resumo da matéria da Revista CartaCapital, 17 de abril de 2013, pp.70/71.
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