Mapa e bússola, dois grandes aliados de todo trilheiro. |
Embora nos últimos anos a palavra orientação esteja frequentemente ligada ao uso de aparelhos de GPS, durante séculos ela significou mapa e bússola.
Este eficaz sistema ainda é muito válido, sobretudo se considerarmos as possibilidades de falhas com o equipamento eletrônico, algo potencialmente desastroso em situação de emergência. Ter boas noções de leitura de mapas e orientação por bússola ainda é uma habilidade muito útil a todo trilheiro. Além disso o custo é muito mais baixo que o de um GPS médio.
Uma bússola nada mais é que um instrumento imantado que aponta para o norte magnético da Terra. Os mapas mostram o norte verdadeiro, que é um eixo vertical estipulado no centro da Terra. A diferença entre eles é chamada declinação magnética. Para que a leitura seja precisa, temos que descontar a declinação na marcação da bússola. Nada demais, afinal a declinação é conhecida e a variação anual é constante.
Muitas vezes, mesmo que não se tenha um mapa, a bússola por si só já é uma tremenda ajuda, quando se sabe um mínimo a respeito da região em que se está. Um exemplo: Em qualquer ponto no município do Rio de Janeiro, seguir para o sul significa seguir para o mar. Estando completamente perdido na Floresta da Tijuca, se o trilheiro seguir sempre no rumo sul acabará chegando a uma praia, embora seja mais provável encontrar civilização antes disso. Outro uso exclusivo da bússola: Tendo algum ponto de observação mais elevado, pode-se escolher um ponto de referência para navegação no horizonte, e com ajuda da mira da bússola, traçar a rota até chegar nele. Ainda que se esteja atravessando uma densa floresta, a rota certa será seguida.
Caso não tenha a bússola, tendo visão do sol e com ajuda de um relógio de ponteiros o norte pode ser identificado. No hemisfério sul, aponte o número 12 para o sol. O norte estará exatamente entre ele e o ponteiro de horas. No hemisfério norte, aponte o ponteiro das horas para o sol. O sul estará entre este ponteiro e o número 12.
O topo dos mapas sempre aponta para o norte verdadeiro, e na legenda consta a declinação para a região mostrada, logo, basta calcular o desconto para a marcação da bússola ficar exata. Este processo apesar de simples é vital, pois 20 graus de desvio ao longo de um quilômetro andado significam 400 metros de erro!
Todo mapa é impresso em uma escala, e as cartas topográficas, isto é, os mapas que mostram as variações do relevo através de curvas de nível seguindo cotas de altitude, normalmente têm escala de 1:50000, 1:25000 ou mesmo 1:20000, o que significa dizer que cada centímetro representado no mapa equivale a 50000/25000/20000 centímetros no terreno real.
Legenda de escala em carta topográfica. |
Legenda da declinação magnética em uma carta topográfica. |
Exemplo de curvas de nível em uma carta topográfica. |
Existem alguns truques para navegar corretamente até um determinado objetivo no mapa. Aqui vão dois deles:
Mirando ao largo - Devido à chance de desvio citada anteriormente, pode ser arriscado navegar diretamente para um objetivo. Se este for por exemplo a bifurcação de um rio, você pode errar tentando ir diretamente para ela, e nesta situação não saberá para que direção procurar. Caso dê um desconto generoso para um lado ou outro, ao chegar no rio saberá para onde acompanhar até encontrar o objetivo.
Seguindo um corrimão - Muitas vezes, o destino fica atrás de algum obstáculo que impede uma visada, ou mesmo uma navegação direta. Você pode usar algum marco linear no terreno que o levará até o objetivo, ou então a um lugar mais próximo de onde poderá tirar uma visada direta. São exemplos de marcos: rios, estradas e cristas de montanhas, entre outras coisas.
Desviando - Frequentemente é mais vantagem desviar de um grande obstáculo ao invés de perder tempo atravessando. Bons exemplos são áreas alagadas ou trechos de mata muito fechada. Você deve desviar 90 graus, contar a distância andada(você deveria saber o comprimento de sua passada), voltar 90 graus e andar até passar do obstáculo, para então virar 90 graus de novo, e andar de volta a mesma distância do início. Isso deve deixá-lo na sua rota inicial, logo após o obstáculo.
Um outro instrumento útil na navegação é o altímetro, pois sabendo em que cota se encontra, o trilheiro pode acompanhar uma curva de nível conhecida no mapa.
Este é um vasto assunto e de forma alguma poderia ser esgotado de uma só vez. O objetivo deste post é o de passar informações básicas que ajudem a começar o estudo de orientação, além de despertar o interesse de quem nunca viu o tema.
Treino é vital em todas as áreas do saber, e neste caso não é diferente. A melhor maneira de dominar orientação é treinando em campo. Mas cuidado, comece com pequenas saídas por áreas mais ou menos conhecidas. Assim, em caso de erro, o trilheiro não estará verdadeiramente perdido em área desconhecida.
Disponível em: http://www.oaventureiro.com.br/2010/09/usando-mapa-e-bussola.html acesso em: 14/08/2013.
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