''Para alguém da minha geração - nascido durante a Segunda Grande Guerra em um país distante dos seus impactos mais diretos e que recebeu imigrantes de todos os quadrantes -, a imagem mais vivida das barbaridades cometidas no conflito era a que mostrava os corpos de judeus empilhados nos campos de concentração ou a dos esquálidos sobreviventes, inclusive crianças, com o pavor estampado na face''
Celso Amorim, ministro da defesa do Brasil
O conflito árabe-israelense é uma guerra contínua, sanguinária e obscena assim definiu Robert
Fisk, jornalista especializado em Oriente Médio ao acontecimento de 17 de julho de 2014.
O cenário é completamente diferente de 2012, quando ocorreu o conflito imediatamente anterior entre Israel e o Hamas. A situação nesse momento é bastante complexa. O que aconteceu no Cairo foi a tentativa do Egito ajudar seu aliado Israel e conseguir um cessar-fogo unilateral, sem atender a qualquer concessão de Gaza.
Desde de 2006, Israel e o Hamas se enfrentaram em larga escala por três vezes, mas o golpe de Estado no Egito, em 2013, que derrubou o governo eleito comandado pela organização islâmica Irmandade Muçulmana, simpática a Gaza, enfraqueceu consideravelmente a posição dos palestinos no território costeiro com população de cerca de 1,7 milhões de habitantes. Em 2007, menos de um ano depois do Hamas, que não reconhece o Estado de Israel, vencer as eleições na Faixa de Gaza, Tel-Aviv iniciou um bloqueio econômico que dura há sete anos.
O atual conflito foi justificado pelo sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses moradores de uma das colônias israelenses na Cisjordânia, que retornaram para casa depois dos estudos religiosos. O primeiro-ministro israelense responsabilizou o Hamas, apesar de o grupo negar a autoria dos crimes e ele prometeu resposta atroz.
As negociações fracassadas no Egito buscavam justamente evitar uma invasão a Gaza mas duas das principais demandas dos palestinos, o fim do bloqueio econômico e a libertação de presos identificados como terroristas por Israel, não entraram na pauta.
Havia possibilidade de acordo entre as duas principais facções palestinas (Fatah e Hamas) um dos óbices para que a opção por um caminho de paz. Atualmente, os dois principais partidos israelenses se uniram em um governo de coalizão, o que deveria, em princípio, facilitar a busca de soluções justas e viáveis para o conflito.
Infelizmente, esse acordo nunca se materializou, em parte em função do fracionado sistema político israelense, que assistiu ao crescimento dos partidos ultraconservadores, em parte, pois contrariando as expectativas que se havia criado na Conferência de Annapolis, em 2007, a pressão externa, indispensável para convencer Israel a fazer concessões penosas, nunca chegou a ser exercida de forma efetiva.
Mas a paz entre israelenses e palestinos continua a ser possível. É possível quando se refere à volta ao princípio de ''terra por paz'', que é a base para os entendimentos de Oslo. Com isso é essencial que Israel cesse unilateralmente os bombardeios a Gaza, que têm provocado genocídio comparado a Segunda Grande Guerra, genocídios de famílias inteiras, deixando um rastro de protestos e ressentimento cada vez mais difícil de apagar da memória. Um gesto assim, seguramente, seria seguido da decisão similar por parte do Hamas, o que aconteceu em 2009.
Escrito por Tyrone Andrade de Mello
Bibliografia
AMORIM, Celso. Sem olhos para Gaza. In. revista CartaCapital.p.56-8, edição809.
GRAÇA, Eduardo. O ódio será tua herança. In. revista CartaCapital.p.56-8, edição809.
CHOMSKY, Noam. Trad. Antonio Martins. Barbárie em Gaza. In. Outraspalavras, Internet.
GALEANO, Eduardo. ''Se eu fosse palestino...'' Site da Caros Amigos, seção Artigos & Debates.
Saiba mais
A indústria do Holocausto de Norman G, Finkelstein livro gratuito para download http://resistir.info/livros/filkenstein_pt.pdf
Israel X Palestinos http://acervo.estadao.com.br/noticias/topicos,israel-x-palestinos,888,0.htm
Acordos de paz http://www.sempretops.com/estudo/acordos-de-paz-entre-palestinos-e-israelenses/
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