sexta-feira, 25 de julho de 2014

Os protestos e as tecnologias de informação e comunicação

Os protestos no Brasil não está diretamente relacionado a um movimento crítico da economia do país. Essa é uma característica para entendermos  o ciclo de protestos que irrompe nosso país no mês de junho de 2013. Mas esse sentimento generativo de perplexidade  não está relacionada apenas por essa característica.
Temos também a dimensão assumida por esse ciclo de protestos,  a disseminação das manifestações entre segmentos da população e por locais do Brasil que tradicionalmente tendem a não ocorrer a repertórios contestatórios, ou seja, as formas como as pessoas agem conjuntamente  na busca de seus interesses compartilhados. Outra característica desse ciclo de protestos é  a ausência dos eventos que conformam esse ciclo, diferentemente dos movimentos Diretas Já, de 1984 e Fora Collor, de 1992, e é muito marcante esta característica,   a proliferação  de pautas e de demandas, muitas delas diretamente vinculadas a especificidades   locais.
Outra característica desse processo causador de perplexidade  é a sua velocidade. No período de um mês se observa uma evolução de focos pontuais de protestos para a conformação  de um processo amplo de escala nacional e, ainda, um declínio dessa  mobilização massiva com a volta de uma dinâmica mais localizada de protestos, que seguem em curso em  alguns  pontos no nosso país.
E, a última característica, é a massiva mobilização de segmentos da população brasileira  que não estavam previamente  inseridos em organizações sociais e políticas.
Desde a redemocratização do Brasil (1985) se observa a presença ativa na sociedade brasileira de organizações e movimentos sociais que dia a dia recorreram a formas contenciosas  de ação para a expressão de suas  demandas e propostas. Porém essas organizações e movimentos sociais dividiram  a cena pública com uma população que tinha nas redes sociais (facebook, twitter) mediadas pelas  TICs, as tecnologias de informação de comunicação, sua estrutura básica de mobilização.
Temos, portanto, tomar cuidado com a ideia disseminada  intensamente na mídia de que estaríamos assistindo a um processo criado espontaneamente  pelas redes sociais, ao contrário  quando se sai desse cenário dos eventos de protesto de junho de 2013 para os ''bastidores'' identificamos  claramente a intervenção ativa de organizações, redes e indivíduos das mais diversas posições  políticas que atuam.
Um exemplo direto dessa suposta espontaneidade  do ciclo de protestos de 2013 é o caso de Porto Alegre (em escala  local), se observa a centralidade de uma rede diversificada de organizações sociais e políticas em grande parte articulada em torno do Bloco de Lutas, criado em fevereiro de 2012.
A mudança mais evidente, portanto é a centralidade que as redes sociais adquiriram  no ciclo de protestos de 2013 como estruturas de mobilização dotadas de relativa autonomia, assistiu-se à emergência de indivíduos e grupos articulados através das redes sociais como agentes sociais  ativos em diferentes etapas dos protestos como por exemplo proposição de ações, mobilização de participantes, difusão de informações, estabelecimentos de pautas, interpretação dos eventos entre outras.

Bibliografiaa
#protestos: análises das ciências sociais/Organizado por Antonio David Cattani, Porto Alegre: Tomo Editorial, 2014 (série:  Sociologia das Conflitualidades, 7)

Saiba mais
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/06/veja-integra-da-pesquisa-do-ibope-sobre-os-manifestantes.html
http://vozdoacre.com/portal/brasil/convocacoes-para-protestos-se-espalham-por-mais-de-200-cidades/


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